18 dezembro 2005

ode à periquita


Foi-se o tempo em que a paixão era uma idéia mal acabada do que é a paixão de fato. Durante a adolescência, a mulher é uma espécie de abstração. A atração física existe, mas vem em segundo plano, descolada da alma. De duas, uma: ou a mina é gostosa ou ela é legal. Aos poucos, entretanto, conforme o interesse pelo futebol cede lugar para a curiosidade de entender a matemática das curvas e a diversidade das fragrâncias femininas, a relação dialética entre corpo e alma se estabelece. Então, as garotas que antes se destacavam das demais por ser bonitas e simpáticas ao mesmo tempo – o que, naquela época, consistia um verdadeiro milagre –, deixam de ser a exceção. Tornam-se a regra. E, conseqüentemente, o paladar do macho começa a se desenvolver.
Um novo mundo se abre para os seus olhos (e para os seus inquietos hormônios). As indiscutivelmente belas continuam unânimes, mas não brilham sozinhas. O macho passa a entender a personalidade da fêmea como um dado da sua sexualidade. Conscientiza-se de que as tímidas, por exemplo, escondem entre as pernas verdadeiros incêndios e de que, por trás de um sorriso duro, que não revela a íntegra da arcada dentária, existe toda uma enciclopédia de perversões e atrocidades.
As chatas são chatas só porque são insatisfeitas; o que significa que a chatice – feliz descoberta – não lhes é natural ou intrínseca, sendo, portanto, passível de ser corrigida (não sem uma boa surra de imoralidade, claro).
As megeras encontram na mesquinhez uma maneira de atrair homens propensos à submissão. Geralmente, têm requintes autoritários: preferem estar sempre “por cima da situação”, gostam de ditar o “ritmo da música” e não têm compaixão pelos “amigos mais íntimos” senão quando a sua “vocação para a liderança” é contestada ou sumariamente arrebatada pela força bruta, pura e simples.
As extrovertidas e também as desinibidas, ao contrário do que a primeira impressão vende, são, de longe, as mais inseguras. Falam de sexo como se falassem de uma ciência trivial: entendem tudo do assunto, já experimentaram todas as posições em todos os lugares imagináveis e divulgam para as amigas menos escoladas na matéria, com a eloqüência de especialistas, que o sabor da “pitanga” é azedinho, mas é sublime. No fundo, a lascívia é inversamente proporcional à criatividade e na hora do vamos ver, perdem completamente o rebolado. Seu maior desafio na vida é vencer as travas da repressão e libertar-se da frigidez. (Sorte delas que há machos dispostos a enfrentar moinhos de vento em nome da felicidade).
Ao longo da vida, o macho também passa a condicionar os seus sentidos para que até mesmo as paisagens mais adversas lhe proporcione deleites estéticos. Assim, surgem as nuances, a riqueza dos detalhes, a originalidade dos traços e a variedade infinita de cores e aromas e formas. O macho entende, enfim, que cada exemplar da fauna feminina é único e constitui individualmente um universo incomensurável e delicioso.
O arquétipo da GORDA, dessa forma, subdivide-se em milhares de variações pitorescas: há as orcas, as morsas, as baleias jubarte, as baleias brancas (que não se enquadram exclusivamente nessa categoria), as elefantas e as jamantas, cada uma com seu encanto particular.
Por sua vez, as fêmeas que padecem do famigerado mau hálito crônico, ou melhor, do bafo de onça incorrigível, são amplamente anistiadas da sua má fama. Sim, porque o bafão é como o vapor de um vinho envelhecido: possui consistência e índole própria, podendo ser encorpado como o interior de uma masmorra ou aguado como urina de criança, silvestre como uma axila ou doce como um fim de feira. Tudo depende da sofisticação olfativa do macho.
Já as mocréias, conhecidas também como buchas ou canhões nas forças armadas, destacam-se pelo exotismo. O macho desenvolve todo um léxico novo em função do olhar apurado. Somente aqueles que padecem de muita pobreza de espírito seguem considerando as frases de pára-choque de caminhão como “mulher feia e macaco gordo só servem pra quebrar galho” engraçadas. O conceito “mulher feia” não faz sentido quando se reconhece na fisionomia dessas fêmeas excêntricas os traços geniais de Picasso, Lucien Freud ou Modigliani. Nariz, boca e olhos fora de esquadro não são características de um rosto desconjuntado, mas belo independente do ponto de vista. A lividez excessiva, combinada a arroxeados indícios de atrofiamento muscular, é graciosa como uma cicatriz no joelho: marca que a vida imprime na pele e que atesta uma infância feliz e agitada. E, por fim, o pescoço de girafa e a macrocefalia o que fazem, senão agigantar a formosura das bruacas?
A vida é uma escola e, em matéria de xavasca, todo o conhecimento do mundo é pouco. A educação dos sentidos leva anos. O treinamento é árduo – às vezes ingrato –, mas ao mesmo tempo arrebatador. É um projeto de vida, um glorioso projeto de vida. Evoé, periquita!

17 Comments:

Anonymous Anônimo said...

O bundinha!
Que papo e esse?
Na adolescencia os amigos sao mais importantes que a namorada.
A mulher ainda e um mito...
Voce nao se lembra do troca-troca?

2:12 AM  
Anonymous Anônimo said...

ducaray, como siempre.
e salve a bacia de leite o genio bataille!
grande abrao

5:18 PM  
Anonymous Anônimo said...

seu blog ten um humor inteligente, adorei.
Visitarei mais vezes.
***
Visite o meu blog:
http://cartasintimas.blogspot.com/

8:01 PM  
Anonymous Anônimo said...

Olha só, Buzanfa, que sucesso! Com esse texto você virou a menina dos olhos dos porcos chauvinistas da internet.

8:46 PM  
Blogger malvinas said...

o cúmulo da soberba! homens... humpf!

9:54 PM  
Anonymous Anônimo said...

Bunda, há quem não goste, é verdade. Mas que, seja classificada em qual categoria dessa listadas por você for, que é bão, é bão, nenão? Valeu a visita lá pelas bandas das Caraminholas minhas. Nem que seja pra espinafrar, passe por lá. Ligo não.
1 abraço.

10:17 PM  
Anonymous Anônimo said...

Aí, pretenso vaginista, quando é que você vai dar o rabo?

11:30 AM  
Anonymous Anônimo said...

Pega a senha, Ujo.

1:45 PM  
Anonymous Anônimo said...

Periquita é homenagem a um vinho, um vinho homônimo.

Dizem que as mulheres se abrem após alguns goles de vinho. "In vino veritas" No vinho está a verdade.

4:38 PM  
Anonymous Anônimo said...

Vinho é uma merda. Esse negócio de ficar bebendo vinho, falando de vinho e gostando de vinho é coisa de gente deslumbrada. Vinho é bom na refeição e só. Chamar a galera em casa pra tomar um vinho é enjoo certo. Pedir vinho em bar seria motivo para "paredón" se este fosse um país sério.

2:22 PM  
Anonymous Anônimo said...

Santa Hipocrisia!

Sera que so a mulheres se abrem com
vinho?
O alcool tem a funcao de inibir a erecao...os musculos da regiao glutea masculina nao sao diferentes!

9:21 AM  
Blogger José Ninguém said...

You can if you´re a woman.

You may if I find you hot.

4:12 PM  
Anonymous Anônimo said...

You gotta switch me on first...
It will depend on how your're
gonna measure my body temperature?
Have you heard of "steamy windows?"

11:40 PM  
Anonymous Anônimo said...

Hi there!

What's wrong with your thermometer?

5:57 PM  
Anonymous Anônimo said...

homens... sempre inseguros com relação às periquitas.
mas parece que o Bunda (e o nome já é um ato-falho) reprime seus desejos de explorar novos buracos.

11:47 AM  
Anonymous Anônimo said...

Boa Jana, o bunda quer ter um novo buraco explorado, mas não se permite

2:26 PM  
Blogger José Ninguém said...

Quem já levou um fio terra sabe: no cu, dói.

Bom mesmo é só uma massagem leve, dedo úmido e unha cortada rente.

Evoé, cu!

11:10 PM  

Postar um comentário

<< Home