um pretinho no meio fio
Um pretinho no meio fio é a maneira mais sutil que o demônio encontrou de dar o bote. Tem sempre um que se destaca dos demais. Pela cara de anjo, envelhecida e deformada através do plástico transparente melado de cola. O cigarro ardendo entre os dedos, finos como varas de condão. Tórax magro de tuberculose e afeição mutilada. Magia negra.
Na esquina da São Luís, onde se concentram em bandos, largados ao longo da sarjeta, a noite invade o dia. Vampiros – passam horas e horas vagando a esmo pelos labirintos da própria imaginação, debaixo de cobertores acrílicos antes usados como filtros de ar condicionado nas velhas repartições públicas. Comunicação acontece por telepatia ou gruturais sílabas de um dialeto inventado. Às vezes, interjeições estridentes.
O devaneio do menor conduz todo o bando. O diabo propõe um jogo aos demais com a intenção de levanta-los do chão. O som da cidade é um pano de fundo, longínquo como contemplar o horizonte em oposição ao oceano. 360 graus. Dá até pra adivinhar que a Terra é redonda. Ondas lavam a areia dura. E o vento corre em sentido contrário ao pensamento.
Nesse momento, o marulho é o trânsito acelerando ao sinal verde. O menor dá a largada: ele e seu bando serão gaivotas às avessas – morcegos marinhos.
De repente, estão todos despertos, braços perpendiculares ao corpo e correria. Alguém avistou uma presa do alto do Terraço Itália. Em formação de ataque, descrevem no ar um mergulho veloz, quase suicida, como se o Hilton desativado fosse um precipício. Rasante sobre a calçada no momento exato em que explodiriam contra o concreto. Então, disparam certeiros como projéteis, o sangue rodopiando nas veias do rosto contorcido de êxtase. Espetáculo selvagem. Metálico para os sentidos como um corte. Fotografia em branco e preto. Gravura. Passam por entre os passantes como se fossem invisíveis. Como se o olhar alheio fosse insensível à natureza morta.
Mas a realidade não é bem essa. Pelo menos três pessoas testemunharam o milagre. "A mulher que falava no celular caiu e torceu o tornozelo", disse um. Ao que o outro completou, "e os pivetes sumiram no meio da multidão levando a bolsa dela".
De repente, estão todos despertos, braços perpendiculares ao corpo e correria. Alguém avistou uma presa do alto do Terraço Itália. Em formação de ataque, descrevem no ar um mergulho veloz, quase suicida, como se o Hilton desativado fosse um precipício. Rasante sobre a calçada no momento exato em que explodiriam contra o concreto. Então, disparam certeiros como projéteis, o sangue rodopiando nas veias do rosto contorcido de êxtase. Espetáculo selvagem. Metálico para os sentidos como um corte. Fotografia em branco e preto. Gravura. Passam por entre os passantes como se fossem invisíveis. Como se o olhar alheio fosse insensível à natureza morta.
Mas a realidade não é bem essa. Pelo menos três pessoas testemunharam o milagre. "A mulher que falava no celular caiu e torceu o tornozelo", disse um. Ao que o outro completou, "e os pivetes sumiram no meio da multidão levando a bolsa dela".
4 Comments:
Isso foi uma das PIORES coisas que eu já li! Voltou a ser adolescente, Bunda? Eca!
Achei médio.
O primeiro texto do blog sumiu ? Onde estarás ? Tem um lado bom disso: o Mau não vai ficar vomitando conhecimento e autores linguistas que já leu.
cosmética da fome. (todos descendo o cacete)
Caro bundinha,
Cuidado! O Babenco vai te cobrar
direitos autorais...
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