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Se levarmos em conta que a expressão "selva de pedra", apesar de ser uma metáfora clichê, descreve com precisão o espaço urbano, a analogia entre animais e seres humanos não só é lícita como também nos ajuda a compreender a dinâmica da vida numa grande cidade.
De que outra forma é possível entender a lógica dos taxistas trapaceiros, por exemplo, senão através do pressuposto básico do Darwinismo, segundo o qual somente os organismos mais adaptados ao meio sobrevivem? Pois, se a cidade é mesmo o antro da malandragem, então, o ditado reza sabiamente, "quem anda em terra alheia é o primeiro que apanha e o derradeiro que come".
Assim como nas florestas há diferentes espécies de bichos e, dentre essas espécies, variações de raça, os habitantes de uma cidade podem igualmente ser classificados segundo a hierarquia do reino animal. Atemo-nos à espécie dos motoristas profissionais e, mais especificamente, à raça dos taxistas, a mais numerosa e melhor adaptada aos rigores do trânsito metropolitano.
Enraizada na sua natureza, encontra-se uma obsessão pela morte. Os taxistas têm fascínio por sangue fresco, músculos dilacerados e tripas escancaradas. Onde há um acidente, há também pelo menos três taxistas acompanhando o trabalho dos bombeiros, todos torcendo contra a vida. Em segredo ou trocando entre si comentários funestos como "esse se fodeu todo, num vai dar jeito" à boca miúda, deliciam-se com a morte como se assistissem a um espetáculo teatral.
No âmbito da política, são eleitores convictos de figuras como Salim Maluf e ACM. Partidários da velha guarda da canalhice administrativa brasileira, querem nos impelir todos à morte invocando orgulhosamente e a torto e a direito o bordão "rouba, mas faz".
Alguns espécimes dessa raça, a qual votou maciçamente contra a proibição do comércio de armas de fogo e munições no último referendo realizado nessa nossa republiqueta, levam pistolas no porta-luvas de seus veículos. Acreditam que gente de bem é uma raça e ladrão é outra. Os primeiros merecem ser bem atendidos (lero macio e taxímetro viciado), os segundos merecem chumbo grosso.
Como aves de rapina, anseiam a nossa falência financeira. Escolhem sempre o trajeto mais sinuoso vendendo-o como um bom conselho, "vai por mim, colega, que esse atalho vale a pena". Mas, se conselho fosse bom, a tia Bernadete tava rica, de férias em Cancun, ao invés de resmungona e amargurada, estorvando a vida alheia durante os almoços familiares de domingo. Os taxistas sabem disso. Quando requisitados a seguir o caminho de nossa preferência, desconversam com argumentos irrefutáveis, dizendo que tem obra em não sei que ponto da avenida. Em suma, as coisas sempre são do jeito deles - letais para o bolso do passageiro.
Quando batem o carro, nunca levam a culpa. Passam o dia todo dirigindo e, por isso, não se consideram maus motoristas. É claro que, na realidade, são os piores motoristas que há, piores até que os motoristas de ônibus, outra raça de barbeiros muito comum na urbe. Mas não importa - eles são profissionais, os outros, amadores. O fim das contas é este: um motorista inoocente com cara de bunda se virando pra resolver as burocracias do seguro.
Escrevo tudo isso porque em Salvador peguei um táxi cujo motorista era um personagem. Dizia que a estrada do Côco era excomungada; muita gente tinha morrido ali. Contou de um acidente de moto em que o motoqueiro, após ser prensado por um ônibus, perdeu, literalmente, a cabeça. Além de outras coisinhas indigestas.
Vai entender...
12 Comments:
Peço encarecidamente que ninguém banque o taxista.
Lembrei de minha mãe contar de uma tia avó, senhora da sociedade, que ouvia no rádio que "um incêndio está consumindo o Cinema Olympia na rua São João" e não pensava duas vezes antes de embarcar no elegante Oldsmobile com motorista e zarpar para o local da desgraça. A velha, conquanto rica, tinha alma de taxista.
A propósito da maldição da Estrada do Côco, eu confirmo! Recentemente, eu e meus amigos saímos da via para driblar um cavalo insandecido que galopava no meio da estrada. Foi fogo na roupa! Mula-sem-cabeça!
E se o Torbem me permite, tenho uma história de taxista. Na semana antes do primeiro turno de uma eleição, estava eu dentro de um táxi na Líbero Badaró e o taxista - obviamente malufista - não se cansava de desancar o Alckmim, o governador Opus Dei. E falava, e xingava, e descia o cacete! Qual foi sua surpresa ao notar o carro oficial ao lado, de janelas abertas, com o pindamonhangabense todo pimpão, querendo ganhar uns votos circulando pela cidade! Eu disse: - "Fala pra ele, então!" E o taxista, sem nenhum caráter, puxou conversa: - "Olá governador! Como estamos de campanha?" Mais um rádio-filha-da-puta circulando por aí.
ps. Acho que preciso ter um blog.
Hahaha!
Hei..táxi...
Duelo nas estradas ,a busca do passageiro, a corrida perfeita, eles estão assim farejando o destino maior, o taxímetro adulterado, o cheiro fortíssimo de bom ar, o bibelô pendurado no retrovisor, as fitinhas do Sr do Bonfim, o silencio interrompido pela orientação não pedida.
A gentileza, os olhares pelo retrovisor e para o taxímetro,o radio que insiste em fornecer o assunto da conversa.A discrição em dizer que a mulher da frente é barbeira.. ossa esse mundo fantástico de passageiro esse mundo fantástico de bandeiras 1,e 2.. Nós no banco de trás , sem intimidades, evitando o olhar para o retrovisor porque ele esta lá apenas esperando você olhar para iniciar a conversa que tem lugar certo de terminar, “aeroporto”, como foi,? Gostou? Para onde vai?....
Táxi....na corrida, correndo, na selva de pedra, ganhou quem se adaptou melhor? Quem pegou mais passageiros? Ou foi o passageiro?
Sinistro
Naïf ??? que es isso ??
ai caralho...
primeiro, o bunda me vira(opa!)um otário que é sacaneado por todo mundo. desde nóias até taxistas.
depois que o tal de wev's continua achando que os comments são como o quintal de seu blog.
valha-me deus
Bom mesmo é taxista francês que não abre o bico.
A selva dos bichos tem a lógica da natureza. Já a selva dos homens é um caos de interesse e maldades. mas, é lógico que há pessoas boas e más e taxistas legais e outros ruins.
http://dudu.oliva.uol.com.br
Achei teu blog por causa de um comentário que deixaste no blog do Xico Sá. Li tudo. Cara! Achei uma merda! És presunçoso e infantil. Escreves como se estivesses cagando. Teus asseclas tampouco se salvam. Esse Amaury é intragável. Esse Wev's é uma vergonha. Todos uns merdinhas. E tu és o líder dos troços.
Se acaso voltar, Tomás, deixo um recado especialmente para você: não é por acaso chamo este blog de "buraco do bunda".
É um espaço dedicado a porcarias de todo tipo. E se você leu tudo e achou uma merda, estamos nos entendendo.
Agora, por favor, se voltar, não utilize a segunda pessoa. Pedantismo é coisa de veadinho.
Tomás no cu? Não é assim que se diz na segunda pessoa?
Você escreve asim por ser gaúcho ou por ser cafona? Sei que minha pergunta pode parecer um pouco tautológica, já que gaúcho é sempre cafona.
E o Bunda é mesmo um fraco. Não tem colhão de assumir o que assina. Colocado contra a parede, defende-se dizendo que "esse é um espaço para baixa literatura mesmo. O blog sério há de vir!" Assim fica fácil.
caro amaury,na boa que se a tua mina fosse pro sul com certeza ela não voltaria são paulo, a gauchada ia tratar bem a galinha no espeto! e iríamos ensiná-la a defumar a linguiça..
acho que o amaury gostaria de ir no lugar dela....
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