modernidade
A modernidade está em ruínas desde o século XVI. Camões produziu numerosos versos sobre o desconcerto do mundo. Também Shakespeare, através de Hamlet, refletiu sobre decadência do seu tempo e sobre o prodigioso comportamento humano, capaz de camuflar a essência dos gestos em aparência distinta, furta-cor. Assim como o príncipe da Dinamarca, o Dom Quixote de Cervantes também padecia da deficiência visual típica dos modernos: atestava a lucidez das suas ações não a realidade objetiva, mas a lógica impecável, ainda que completamente absurda, por trás delas. A Renascença descobriu o indivíduo.
De lá pra cá, as coisas mudaram um bocado. Mas o mundo continua de ponta cabeça; só que piorado. Depois que a humanidade inventou a cultura de massas, a filosofia virou motivo de pilhéria. Ao invés das “grandes obras”, o que estimula nossas reflexões existenciais hoje são os livros de auto-ajuda e a imprensa marrom. O campeão de vendas das livrarias brasileiras do último mês: “Quem mexeu no meu queijo”, de autoria de um PhD cujo nome, como os medicamentos genéricos, tanto faz. A capa da revista semanal de atualidades de maior circulação dessa semana: “Como se tornar um grande líder”.
É cristalino como a água que os capitalistas do século XXI estão cada vez mais produtivos e profissionalmente eficazes na mesma proporção em que se assemelham cada vez menos a seres humanos. A nobre invenção dos modernos renascentistas, o indivíduo, evoluiu apenas para revelar que livre arbítrio é o nome poético para a má índole em atividade. O egoísmo é hoje tecnologia de ponta; já as conversas amistosas e o tato nas relações pessoais viraram história. Por isso, os manuais de etiqueta atuais não versam sobre bons modos – tentam educar o espírito neolítico do homem contemporâneo.
De lá pra cá, as coisas mudaram um bocado. Mas o mundo continua de ponta cabeça; só que piorado. Depois que a humanidade inventou a cultura de massas, a filosofia virou motivo de pilhéria. Ao invés das “grandes obras”, o que estimula nossas reflexões existenciais hoje são os livros de auto-ajuda e a imprensa marrom. O campeão de vendas das livrarias brasileiras do último mês: “Quem mexeu no meu queijo”, de autoria de um PhD cujo nome, como os medicamentos genéricos, tanto faz. A capa da revista semanal de atualidades de maior circulação dessa semana: “Como se tornar um grande líder”.
É cristalino como a água que os capitalistas do século XXI estão cada vez mais produtivos e profissionalmente eficazes na mesma proporção em que se assemelham cada vez menos a seres humanos. A nobre invenção dos modernos renascentistas, o indivíduo, evoluiu apenas para revelar que livre arbítrio é o nome poético para a má índole em atividade. O egoísmo é hoje tecnologia de ponta; já as conversas amistosas e o tato nas relações pessoais viraram história. Por isso, os manuais de etiqueta atuais não versam sobre bons modos – tentam educar o espírito neolítico do homem contemporâneo.
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Quatro anos de ensino superior servem para ensinar jovens a ganhar dinheiro e também para esmagar os sonhos coletivos. A estupidez está estampada nas bancas e livrarias e vende aos borbotões. Mas os psicólogos norte-americanos e os jornalistas, intelectuais de grande monta, zelam pelo futuro do mundo. Graças a Deus, há sempre um bunda de plantão para cagar a regra de como as coisas devem ou não ser.
Quatro anos de ensino superior servem para ensinar jovens a ganhar dinheiro e também para esmagar os sonhos coletivos. A estupidez está estampada nas bancas e livrarias e vende aos borbotões. Mas os psicólogos norte-americanos e os jornalistas, intelectuais de grande monta, zelam pelo futuro do mundo. Graças a Deus, há sempre um bunda de plantão para cagar a regra de como as coisas devem ou não ser.