bobo
Na literatura, são denominadas personagens planos pois não possuem complexidade psicológica alguma. Têm sensibilidade emocional inferior à bauxita, minério de onde é extraído o alumínio, e inteligência questionável, não do ponto de vista do QI – pois em geral escolhem profissões exigentes como a medicina, a engenharia ou, mais comumente, o mercado financeiro –, mas no que se refere à sua incapacidade total para apreender a vida por meio da intuição. Há um trecho do livro Herói Devolvido em que Marcelo Mirisola escreve a respeito de Pepe: “Pepe não era retardado mental porque queria ficar rico e comprar um apartamento em Miami; Pepe era retardado mental porque tinha síndrome de Down”. As bestas às quais me refiro enquadram-se no primeiro caso. Sua doença é a bobeira aguda, agravada pela perspicácia com os números. São cegas para as coisas simples. Levam a sério filmes como “Guerra nas Estrelas”. Mas o pior mesmo é que podem pagar pela verdade, de modo que o desconcerto do mundo resume-se à alta da taxa de juros. Não existe nada mais perigoso para a Humanidade que a demência com milhões no bolso. Personagens planos não são mera fabulação literária. Existem na vida real. São fanáticos por futebol. São os donos da bola.