23 maio 2006

Susy, gorducha infeliz



Há determinada espécie de gorda que frequenta a academia exclusivamente para poder comer sem culpa. Emagrecer é objetivo secundário. Só o que não pode pesar é a consciência.
Segunda-feira à noite no Fran´s Café...
A gorducha Susy sai da academia direto para o folhado de palmito com catupiry. Ela considera o folhado o mais delicioso dos quitutes.
Senta-se animada para devorar e falar mal do professor de aeróbica, que não sabia o significado da palavra "esdrúxulo". Faz questão de sentar no sofá.
Dali a alguns minutos, a garçonete chega com o tão sonhado folhado. Susy come com avidez e desconta o desejo de torta holandesa nas amigas, discorrendo mais um pouco sobre a ignorância alheia.
As amigas ouvem. Acham o sarcasmo da gorda Susy engraçadíssimo.
Na hora de pedir a conta, Susy ergue delicadamente a mão direita e espreme um "psiu" por entre os lábios carnudos e rosados. A garçonete está ocupada com outra mesa. Mas na cabeça da gorducha isso significa indiferença.
Susy não pensa duas vezes. "Queridinha", esbraveja para conquistar a atenção da serviçal, num gesto entre polido e próprio da sua natureza suína.
As amigas acham bárbaro o carisma de Susy - a garçonete vem na hora.

08 maio 2006

asco de mãos úmidas


Pode ser uma manifestação de bixice, mas tenho quase certeza que não. Outro dia, saí para tomar cerveja com a V, minha amiga arquiteta que detesta caninos e felinos.
Estávamos conversando sobre as desventuras da vida com muito bom humor quando, de repente, fomos interrompidos por um conhecido meu. Ele estendeu a mão para me cumprimentar e sorriu.
Não lembrava o nome do sujeito por nada no mundo. Para camuflar a minha ignorância, fui duas vezes mais simpático que ele. Levantei da cadeira, abracei-o e arrisquei até perguntar a quantas andava a Pontifícia, iluminado por um lampejo etílico de lucidez. Lembrei que o rapaz era amigo das minhas amigas psicólogas e, portanto, devia cursar a mesma faculdade.
No entanto, mais importante que minhas perguntas certeiras, foi o meu gesto caloroso de segurar sua mão com força e não a largar. Esse foi o ápice do cerimonial.
O problema é que a minha mesa ficava próxima do banheiro e o conhecido saía de lá quando tropeçou em mim. Assim que ele se despediu, percebi que minha mão estava úmida do contato com a mão dele. Imediatamente, fui invadido por um sentimento de repugnância profunda.
Refleti sobre isso hoje e penso que parece bixice. Mas ainda não considero a reflexão concluída. Alguém tem uma opinião a respeito?